Seja benvindo ao CECURE

"Estamos aqui por amor e por nossa escolha"!

segunda-feira, 7 de junho de 2010

Virtudes: Escada para o amor incondicional

Sempre ouvimos falar em virtudes na escola ou em poesias, com sorte, podemos encontrá-las num livro de auto-ajuda. Em geral, as virtudes são pouco lembradas e menos ainda praticadas; elas ficam relegadas ao plano da poesia como parte de uma beleza inalcançável ou ainda ao plano da filosofia como se fosse apenas matéria-prima do pensamento. Mas o que são, de fato, as virtudes? E, mais importante: de que nos servem?

Comecemos então por defini-la. Num dicionário comum encontraremos: Virtude. S. f. 1. Disposição firme e constante para a prática do bem. 2. Boa qualidade moral; força moral, valor.1

Etimologicamente, a palavra virtude vem do latim Virtus que é tradução de Areté, palavra grega que significa excelência. Portanto, a virtude consiste na excelência do homem, isto é, aquilo que ele faz melhor do que qualquer outro ser. Assim por exemplo, comparamos o homem aos animais e aos objetos: a excelência do pássaro é voar, a do peixe é nadar, a do remédio é curar, a da faca é cortar e a do homem o desenvolvimento das virtudes, visto que é o único ser suficientemente sofisticado para ter idéias e racionalizá-las.

Mas seriam as virtudes apenas uma obrigação do homem, assim como a da faca é cortar e a do remédio, curar? Não haveria nas virtudes uma utilidade prática?

Embora o cultivo das virtudes seja possível apenas para o homem, muitos não as desenvolvem, pelo menos não tanto quanto seria possível e necessário. O Homem é um campo fértil; onde as virtudes não ultivadas crescem as ervas daninhas, os defeitos da alma.

      “... O Espírito deve ser cultivado como um campo; toda riqueza futura depende do labor presente, e mais do que a bens terrestres, levar-vos-á à gloriosa elevação...”2

Opostamente, se os defeitos são o veneno que danificam a alma, as virtudes são seu antídoto. Eis a utilidade prática das virtudes! A cura da alma! É assim que se pode comparar o caminho das virtudes a uma “escada evolutiva”.

Cada virtude, de uma inumerável lista, é um degrau. Não sei qual ordem certa dos degraus, mas a polidez está certamente entre os primeiros. “Agir polidamente é agir como se fôssemos virtuosos.”3 Polidez é o que aprendemos com os nossos pais e nossos professores, a sermos educados. A maioria de nós faz assim porque assim aprendeu, sem efetivamente pensar sobre este conjunto de regras: dizer obrigado, por favor, pedir licença, calar-se quando o outro fala, desculpar-se por um esbarrão num estranho... A experiência da vida nos faz caminhar, aprender e com um pouco de reflexão e senso crítico passamos a exercer as mesmas atitudes não porque assim aprendemos, mas porque nos convencemos de que é o mais correto a se fazer, isto é, moralmente correto. A moral nos liberta da polidez, uma vez que nos dá um outro alicerce para nossas atitudes. Não faço porque é educado, mas porque é certo! A presença de moral no indivíduo indica que mais alguns degraus foram alcançados. Se a moral nos leva a um novo nível de atitudes onde deve acabar esta longa escada? Qual outra mola propulsora, mais poderosa, nos faria subir? E eis que chegamos ao Amor, virtude máxima! A mais difícil de se aprender, mas também a mais libertadora. Falamos aqui não do amor como desejo, pois desejo é subjugação, mas do amor incondicional. O que fazemos por amor, não fazemos por obrigação, aí reside a liberdade, pois o que fazemos por vontade própria, fazemos com prazer, não por obrigação. Logo, o amor dispensa a moral. E tudo o que antes fazíamos por estarmos convencidos de que era o certo, agora fazemos por que amamos nosso próximo, porque o entendemos e queremos que ele fique bem. Amar é difícil, mas fazer por amor é fácil. Qual mãe alimenta seu filho por dever? O dever (moral) só nos faz fazer aquilo que o amor, se estivesse presente, nos faria fazer sem coerção.

      “O amor resume inteiramente a doutrina de Jesus, porque é o sentimento por excelência, e os sentimentos são os instintos elevados à altura do progresso realizado. No seu início, o homem não tem senão instintos; mais avançado e corrompido, só tem sensações; mais instruído e purificado, tem sentimentos; e o ponto delicado do sentimento é o amor, não o amor no sentido vulgar do termo, mas este sol interior que condensa e reúne em seu foco ardente todas as aspirações e todas as revelações sobre-humanas. A lei de amor substitui a personalidade pela fusão dos seres e aniquila as misérias sociais. Feliz aquele que, ultrapassando a sua humanidade, ama com amplo amor seus irmãos em dores!”4

Agir polidamente é agir como se fôssemos virtuosos, agir moralmente é agir como se amássemos, até que amemos, efetivamente.

      “Amar, no sentido profundo da palavra, é ser leal, integro, honesto, consciencioso para fazer aos outros o que se quereria para si mesmo; é procurar ao redor de si o sentido íntimo de todas as dores que oprimem vossos irmãos, para abrandá-las; é encarar a grande família humana como a sua, porque essa família, vós a encontrareis, em um certo período, em mundos mais avançados, e os Espíritos que a compõem são, como vós, filhos de Deus, destinados a se elevarem ao infinito. É por isso que não podeis recusar aos vossos irmãos o que Deus vos deu livremente, visto que, a vosso turno, estaríeis bem contentes se vossos irmãos vos dessem do que tivessem necessidade. A todos os sofrimentos, dai pois, uma palavra de esperança e de apoio, a fim de que sejais todo amor, todo justiça.”5

Durante uma encarnação temos a oportunidade de nos transformar. Deixando de ser escravos de nossos instintos para nos tornar senhores deles. À medida em que racionalizamos nossos impulsos e desejos avançamos em direção ao princípio inteligente que nos torna humanos e daí para uma evolução contínua, inevitável, questão apenas de tempo.

      “Os efeitos da lei do amor são o aperfeiçoamento moral da raça humana e a felicidade durante a vida terrestre. Os mais rebeldes e os mais viciosos deverão se reformar quando virem os benefícios produzidos por essa prática: Não façais aos outros o que não quereríeis que vos fosse feito, mas fazei-lhes ao contrário, todo o bem que está em vosso poder fazer-lhes.”6

“A reflexão sobre as virtudes não torna ninguém virtuoso, mas há pelo menos uma virtude que ela pode nos trazer: a humildade. [...] Pensar as virtudes é medir a distância que nos separa delas”7.

Quando soubermos amar de verdade não precisaremos mais falar em virtudes.

Colaboração: Patrícia Souza

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Perguntas Frequentes Sobre o Cecure